Até onde vai a desaceleração econômica da China? Seria um caso de recessão?

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Com a China, locomotiva do crescimento mundial, em desaceleração, quem poderá salvar a economia global? Quando as principais economias do planeta pisaram no freio devido à inflação alta, muitos acreditaram que a China iria entrar em cena para salvar o dia.

Infelizmente, a China também tem problemas. Para o choque de todos, a economia chinesa cresceu apenas 0,4% na comparação anual no segundo trimestre de 2022, aquém da previsão de 1% e bem abaixo dos 4,8% de crescimento observados no primeiro trimestre. Este é o pior ritmo desde a contração sofrida em 2020, na época do primeiro surto de covid em Wuhan.

Sim, a economia da China ainda está crescendo, mas a um ritmo muito mais lento. Isso deixa todos preocupados com o carro-chefe do crescimento econômico global. O Goldman Sachs cortou sua projeção de crescimento do PIB chinês neste ano de 3,3% para 3%. É a terceira revisão para baixo feita pelo banco de Wall Street desde maio.

O que há de errado com os números chineses?

O diabo mora nos detalhes:

1. A produção industrial teve alta de 3,8% em julho, após a alta de 3,9% em junho, bem longe da previsão de 4,6%.

2. As vendas no varejo subiram 2,7% em julho na comparação anual, abaixo dos 5% esperados pelo mercado e dos 3,1% observados no mês anterior. Isso aponta para um recuo na atividade dos consumidores.

3. O desemprego entre jovens atingiu novo recorde em julho, com 19,9% dos chineses de 16 a 24 anos sem emprego.

4. A venda de imóveis registrou queda de 29%, mais profunda que os 18% registrados em junho.

5. Os lançamentos de empreendimentos imobiliários caíram 45%, sem alteração em relação a junho.

Será que a economia da China está esfriando?

A segunda maior economia do mundo está passando aperto com a série de medidas de isolamento decorrentes da política de tolerância zero à covid no país, a piora no cenário imobiliário, a pior onda de calor em 60 anos — com algumas províncias fechando fábricas para economizar energia — e a queda na demanda e na produção.

A economia chinesa está caminhando para seu menor crescimento em décadas. Suas fábricas estão vendendo menos no exterior e seus consumidores estão gastando menos no país.

1. Commodities indicam que a China está desacelerando

A produção da China impacta diretamente a economia global por meio dos preços das commodities, sobretudo metais industriais. O principal contrato chinês de minério de ferro caiu drasticamente do pico observado no ano passado. O cobre teve forte queda neste ano, sendo um claro sinal de demanda enfraquecida.

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2. Queda nos preços dos imóveis

Por décadas considerados como investimento seguro na China, atualmente os imóveis têm sido vistos como dor de cabeça. Os preços dos imóveis residenciais novos na China caíram pelo 11º mês consecutivo, referente ao período terminado em 31 de julho de 2022.

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Esse é o ritmo mais lento de construção de residências desde 2009. A consequência é um excedente de metais como minério de ferro, carvão metalúrgico e cobre, materiais essenciais para a construção.

3. Menor processamento de petróleo bruto nas refinarias chinesas

As refinarias de petróleo da China estão processando 10% menos petróleo bruto desde abril, devido à queda na demanda provocada pelo recuo no consumo e na produção industrial. A demanda mais fraca da China por petróleo foi uma resposta ao aperto na oferta global de recursos energéticos provocado pela guerra na Ucrânia.

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Como foi a reação do Banco Popular da China e do mercado?

Após os dados econômicos decepcionantes, o banco central chinês surpreendeu com um corte inesperado na taxa de juros para apoiar a economia do país. Entretanto, o minúsculo 0,1% aplicado na semana passada dificilmente vai ajudar a aquecer a atividade econômica.

As ações chinesas em Hong Kong subiram nos 40 minutos entre o anúncio do BC chinês e a publicação dos outros dados. Na sequência, esses ganhos foram desfeitos e deram lugar a novas quedas.

O HK50 segue pressionado e pode voltar às mínimas de maio, perto dos 19.080 pontos. O par USDCNY já acumula mais de 8% de alta desde fevereiro.

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Amira Mohey

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