A preocupação com a oferta global mais restrita provocada pela escalada do conflito no Médio Oriente poderá impulsionar os preços do petróleo neste início de semana
Por que o rally do petróleo corre risco?
2022-06-24 • Atualizado
Sim, os preços do petróleo estão pegando fogo e a inflação está esquentando no mundo inteiro. Contudo, o fôlego altista do petróleo corre risco. Listamos abaixo fatores que podem esfriar a demanda pela commodity.
1. Lockdown na China
A queda do petróleo se acentuou desde 25 de abril, após Pequim fechar alguns locais públicos e aumentar a testagem em massa para evitar um lockdown total como aquele visto em Xangai — um centro de negócios em escala global — desde o começo do mês. As últimas restrições geraram problemas na produção e no abastecimento, alimentando temores em relação ao crescimento da economia chinesa — a segunda maior do mundo — depois do pior surto de covid-19 em dois anos. Isso vai esfriar a demanda por petróleo, já que a China é a maior importadora mundial do recurso. As medidas de restrição devem provocar um recuo de 1,1 milhão de barris por dia na demanda chinesa no mês de abril.
2. A oferta continua
Qualquer déficit de petróleo projetado no terceiro trimestre será pequeno e pode ser compensado por um aumento na produção da OPEP, já que a demanda continua a cair e o crescimento econômico está perdendo força. Além disso, o mercado não está totalmente deficitário e pode até fechar o mês de abril com um pequeno excedente. Equilibrar demanda e oferta vai ser mais difícil a partir do terceiro trimestre, pois a queda na demanda chinesa deve ser temporária. Por outro lado, a queda na produção petrolífera da Rússia vai continuar por mais tempo.
3. Amplitudes menores no trading intradia
Embora a volatilidade no mercado de energia continue alta, há sinais de que ela vai diminuir. As amplitudes no trading intradia também apontam para uma redução. O petróleo bruto Brent aparenta estar nas fases finais de sua terceira onda desde a invasão russa da Ucrânia. A amplitude das ondas de negociação está em queda: a amplitude da primeira onda foi de US$ 43 o barril; da segunda, de US$ 23/bbl; e da terceira, de US$ 14/bbl.
4. A inflação vai esfriar a alta dos preços da energia
A inflação continua assombrando o crescimento econômico global, e o mercado está preocupado com uma possível recessão provocada pela alta dos preços da energia e a guerra entre Rússia e Ucrânia. O conflito e a alta da inflação vão derrubar a demanda por petróleo. Somando a isso o recuo no consumo e o ritmo lento da produção, os preços da energia vão cair. O FMI rebaixou sua projeção do crescimento econômico global em quase um ponto percentual.
É importante lembrar os fatores listados acima e monitorar a situação. Entretanto, no quadro geral, os touros ainda têm a vantagem no petróleo e no gás natural, apesar de todos os sinais mistos que assombram — mas não barram — o fôlego altista.
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