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2023-04-04 • Atualizado

Crise nos países da América Latina. O que aconteceu na Argentina em 2019?

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As moedas da América Latina em geral — e o peso argentino em particular — têm apresentado certa instabilidade recentemente. Traders atentos ao mercado puderam perceber mudanças bem rápidas. No momento, o peso está em queda brusca com fortes altos e baixos, rápida demais até para uma moeda de alta volatilidade. O que poderia explicar este comportamento “montanha-russa”?

Características das economias latino-americanas: contexto

De acordo com a maioria dos economistas e especialistas, o principal motivo da inflação e da desvalorização do dinheiro vem da política. Crise econômica do Zimbábue nos anos 90, crise na Venezuela dos anos 2010, até a quebra de Wall Street em 1929 — todas elas têm consideráveis origens na política.

Os países da América Latina são frequentemente afetados pela inflação. Mas por quê? O economista André A. Hofman indicou vários motivos. Ele acredita que o desenvolvimento histórico desses países é um dos fatores centrais para o cenário atual. Portanto, é possível elencar dois motivos importantes para o atual cenário latino-americano:

  1. A economia da maior parte dos países latino-americanos se baseia na exportação de produtos primários, geralmente recursos naturais ou produtos agrícolas como café, milho, prata, etc.
  2. Ao longo da história, os países latino-americanos não apresentaram estratégias econômicas rigorosas e bem definidas, operando principalmente pela força das circunstâncias, que geralmente incluíam dependência de investimentos estrangeiros e influência política.

Os produtos primários exportados pelos países da América Latina são alimentos, café, cereais, carne animal, combustíveis fósseis, etc. A maior porcentagem de exportações ainda vem da agricultura: mais de 52% na Argentina e cerca de 39% na Colômbia (com base nas informações da OEC). Portanto, estragos severos na economia podem acontecer com a mera ocorrência de secas, enchentes, tempestades… Ou seja, uma safra ruim consegue atingir em cheio a economia.

Embora independentes e não mais colônias, os países latino-americanos têm suas economias fortemente ligadas a investimentos estrangeiros. No México, por exemplo, os EUA são a principal origem de investimentos estrangeiros diretos: em 2018, os norte-americanos contribuíram com US$12,3 bilhões — ou 39% — de tudo que entrou no país. Quedas no volume de investimentos (ou até mesmo a possibilidade de tais acontecimentos) podem afetar seriamente a estabilidade da moeda nacional.

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Agosto e setembro de 2019 na Argentina: o que houve?

No dia 12 de agosto de 2019, o peso argentino caiu 30% em algumas horas, atingindo a mínima de 65 pesos para 1 dólar. O índice MERVAL — o mais importante da Bolsa de Valores de Buenos Aires — caiu 31%. Os títulos do governo foram pelo mesmo caminho. A moeda nacional, as ações e os títulos, todos caíram juntos pela primeira vez em 19 anos.

A explicação mais plausível que logo vem à mente é a política. Porém, isso foi resultado de uma série de acontecimentos altamente desagradáveis. Fosse apenas um ou dois destes, o peso poderia ter sobrevivido. A soma dos fatores, no entanto, foi tão grande que causou uma considerável crise econômica. 

Vamos olhar os possíveis motivos. Primeiro (como é de se esperar), a política. No dia 11 de agosto, aconteceram as primárias que antecedem as eleições presidenciais marcadas para outubro de 2019. O resultado foi inesperado: o atual presidente, Mauricio Macri, recebeu somente 32% dos votos, enquanto Alberto Fernández, apoiado pela ex-presidente Cristina Fernández de Kirchner, recebeu 47%.

Embora as primárias não afetem muito o resultado das eleições conforme o sistema eleitoral argentino, este cenário mostrou o quanto que Macri ficou para trás. Isso foi um sinal de alerta muito sério para os investidores, especialmente aqueles que lembram o governo kirchnerista e o default de 2014 causado pelas políticas de Cristina Kirchner. 

Logo, as primárias deixaram claro para os investidores que o futuro do país é incerto. Sem certeza, sem investimentos.

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Por outro lado, os argentinos ainda se encontram em crise alimentar. 2018 foi o ano da pior seca em meio século, e isso fez um enorme estrago em um país onde a maioria dos bens exportados é formada por alimentos e outros produtos agrícolas. Mesmo com a previsão de uma colheita muito melhor para este ano, houve uma seca que já reduziu as exportações agrícolas da Argentina, aumentando o atual déficit em suas contas. Temos, então, outro fator: menos colheita, menos exportações.

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Outro motivo pelo qual o peso não se estabilizou de forma alguma foram as declarações de Macri após a derrota nas primárias. Ele anunciou um plano para renegociar as dívidas nas quais o país se afundou, incluindo aquelas com o FMI. Ele também tomou outras medidas sérias para conter a crescente crise financeira na Argentina, mas parece que não deu certo: o peso segue caindo há quase um trimestre. 

Já devendo US$56 bilhões ao FMI, a Argentina de Macri pediu mais US$5,4 bilhões para pagar o investimento. E apesar do FMI ter concordado em “continuar ao lado da Argentina em tempos desafiadores”, essa vitória foi duvidosa. Macri fez aquilo que estava desesperadamente tentando evitar: pedir mais ajuda ao FMI. Pensava-se que um empresário como ele seria capaz de tirar o país do default, mas, tecnicamente, ele o trouxe de volta. Os cidadãos argentinos não lhe deram muito apoio nas primárias, tendo em vista a esperança de que ele passaria por cima da crise. Portanto, o terceiro fator seriam as expectativas frustradas em torno de figuras políticas.

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O que esperar agora?

A presidente anterior da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, deixou o país em uma grave crise e no default de 2014. Alçada à presidência após seu marido, Néstor Kirchner, a inflação atingiu seu maior pico durante os governos dos dois, e a corrupção ficou insuportável até para padrões latino-americanos. Não é surpresa que os investidores não gostaram de vê-la de volta.

As reformas econômicas do empresário Mauricio Macri atraíram investidores além do FMI, mas infelizmente não conquistaram os cidadãos. Essas mudanças não aumentaram nem a qualidade de vida dos argentinos, nem o ritmo do desenvolvimento econômico. Por outro lado, elas levaram ao cenário no qual a mesma Cristina Kirchner que deixou o país no vermelho agora consegue mais apoio como vice de Alberto Fernández do que Macri.

A maioria dos economistas prevê que o peso argentino continuará a cair, e essas expectativas não são nada otimistas. É provável que o candidato da oposição não consiga o apoio necessário dos investidores, o que significaria que as dívidas do país seguiriam em condições insatisfatórias.

Como os traders podem aproveitar isso?

Peso argentino, real brasileiro, lira turca: essas moedas sofrem grandes altas e quedas devido à alta volatilidade. Esses altos e baixos causam fortes mudanças no mercado, e os traders podem ter lucros consideráveis com isso. Se você ficar de olho na situação política e utilizar a análise fundamental com cautela, poderá ganhar com o vaivém das moedas.

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